sábado, dezembro 10, 2011

Educação ou ensino?


Aqui está o link do 2º artigo mais lido no facebook em 2011:
Professores são educadores, não babás - Educação - Notícia - VEJA.com

Trata-se de um artigo sobre educação que diz o que todos professores sérios sabem que o processo educativo não funciona sem a participação dos pais. Mas, o artigo tem furos sim. Eu acho justamente o contrário neste parágrafo:

"O senhor, na sua escola, recebe professores de diversas partes dos Estados Unidos e tambem de outros países, como o Brasil. Além dos problemas de relacionamento com os pais, do que mais professores de todo o mundo reclamam? As avaliações tiram o sono dos professores. Não sei exatamente como funciona no Brasil, mas nos Estados Unidos os professores são constantemente cobrados a melhorar o desempenho de suas escolas em testes padronizados. E todo o processo educacional passa a girar em torno de algumas provas. Isso é massacrante, para os alunos e para os professores. Os professores precisam de mais diversão na sala de aula."


Claro que nós precisamos, regularmente, de avaliações sobre o nosso trabalho, assim como qualquer outra categoria profissional, oras! Eu simplesmente não entendo porque professores se acham tão especiais. Vem cá, se tu for ao mercado e comprar qualquer produto estragado, não volta lá para trocar? Se o mecânico trocar uma peça e recolocar uma defeituosa, tu não reclamará? E se comprar carne no açougue não pedirá para visualizá-la antes de pesar? Por que diabos não se quer avaliar então a qualidade do ensino? Não venha dizer que educação não é mercadoria, pois é sim. O ensino é comprado e deve ser medido, agora quando se fala em educação é muito mais do que isto e os pais – daí o artigo acerta – têm lavado as mãos.

Um amigo me pergunta:

Aqui (...) as escolas particulares parecem ter bastante medo de perder alunos-clientes com notas baixas. O resultado é uma permissividade que às vezes beira uma avaliação de fachada.
Vc enfrenta esse tipo de conflito com os pais?


Ao que respondi:

Há uma intermediação feita pela coordenação que, esta sim, me pressiona por "notas boas", mas eu resisto. Agora, depois de fechados os diários eles não são invioláveis, se é que me entende... Na escola pública onde trabalhei por quase 3 anos temos mais autonomia, mas o problema maior são os professores que querem se livrar dos alunos problemáticos "empurrando-os para frente". O autor toca no problema, mas a meu ver ele também não tem muita clareza não. O melhor funcionamento não se dá nessa “escolinha mais humana”, mas justamente no contrário em um instituto de ensino o mais impessoal possível. Isto é ensino em negrito. Agora, coisa bem distinta é se tu está delegando a responsabilidade para que eu eduque teu filho, o que eu acho temerário. Não por ser eu, mas porque ninguém faz isto melhor do que os pais. Nossa crise educacional é uma crise de família, de estrutura social, que desanda todo o resto. E é aí que eu sou mais conservador.
Ideologias a parte a realidade não é o que eu sonho, mas é o que é. Então, o que fazer? Jogar o jogo e aí meu amigo repare só quando teus amigos pais falam do que acham uma boa escola... Repare também como citam o laboratório de informática, a quadra esportiva etc. e veja que raramente citam o currículo de professores, sua experiência, o retorno que os filhos trazem para casa sobre o que aprenderam etc. O problema é que não se demanda por qualidade de ensino, mas uma “boa educação” e isto para mim é o produto errado oferecido pelo fornecedor incompetente para um consumidor perdido.
...

2 comentários:

  1. Concordo com você, Anselmo. O ponto fraco do texto é quando Clark faz essa crítica infeliz aos testes padronizados. É aí que ele cai em contradição, já que antes havia dito que é preciso cobrar excelência dos alunos. Talvez ele suponha que tal cobrança seja cabível somente para estudantes, mas não para os professores...

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  2. Então Diniz, cobrar boa qualidade só dos outros é fácil. Como se diz, no dos outros é refresco e no nosso é pimenta...

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