terça-feira, dezembro 13, 2011

Sensacionalismo ambientalista -- o caso da Carta Capital

Anos atrás li uma típica matéria sensacionalista do pasquim Carta Capital relacionando geopolítica mundial ao aquecimento global. Disponibilizo abaixo o ridículo texto original e a série de artigos que tive oportunidade de fazer como resposta:


Silêncio de Ensurdecer
Silêncio de Ensurdecer:: WebMaster :: A mídia custa a dar voz ao debate científico sobre o aquecimento global.A repercussão internacional da matéria publicada pela revista britânica The Observer, no domingo 22 de fevereiro, embute uma omissão, como notou o escritor e jornalista australiano Tom Engelhardt em seu blog TomDispatch. Mas a forma como isso passou despercebido da maioria dos leitores e comentadores revela um problema quase tão grave quanto o do próprio aquecimento global.
A matéria não forneceu informações falsas, nem sequer exageradas. Mas dava a entender ser um furo mundial sobre um assunto, até então, mantido em segredo. Não foi bem assim: em 9 de fevereiro, na revista norte-americana Fortune, as mesmas informações, com mais detalhes técnicos, haviam sido publicadas sob o título de Climate Collapse, The Pentagon's Weather Nigthmare (Colapso Climático, o Pesadelo do Pentágono) e reproduzidas por mídias independentes. Você pode lê-la, por exemplo, no site ambientalista http://sierratimes.com/04/02/09/ar_weather.htm ou em http://www.independent-media.tv.A falta de atenção para essa primeira matéria - a ponto de poder ter sido relançada duas semanas depois como furo de ressonância mundial - é, por si mesma, uma história muito reveladora sobre os pontos cegos, cada vez mais vastos da imprensa, principalmente, mas não só a norte-americana.A maior precisão científica do artigo de David Stipp na Fortune tornava-o até mais assustador que o da Observer para quem o soubesse ler. Que o mundo está a caminho de virar um inferno em razão das mudanças climáticas, há muito tempo deixou de ser novidade, mas se "há poucos anos tais mudanças pareciam ser sinais de possíveis problemas para nossos filhos e netos, hoje anunciam um cataclismo que pode não esperar, convenientemente, que já tenhamos passado à história".O estudo do Pentágono trabalhou com a possibilidade bem real de estarmos muito perto de um limiar crítico a partir do qual o clima pode virar repentinamente, em menos de uma década - "como uma canoa que se inclina pouco a pouco até emborcar de repente", escreveu Stipp.A hipótese de trabalho - que deve ser entendida como um cenário plausível, não como uma projeção - é que essa virada aconteceria entre 2010 e 2020. Seria resultado do derretimento, já visível, das geleiras do Ártico. A água doce assim libertada, juntamente com a chuva intensificada pelo aquecimento global, vai se misturar à Corrente do Golfo e reduzir sua salinidade e densidade. A corrente, hoje submarina, seria retida na superfície e perderia seu ímpeto.Isso travaria a "correia transportadora" que conduz calor do Caribe para a Europa Ocidental e a torna muito mais habitável do que paragens igualmente setentrionais no Canadá, nos EUA e na Rússia (a latitude da Holanda e das Ilhas Britânicas é comparável à do Labrador canadense e da Kamchatka siberiana). Icebergs chegariam à costa de Portugal e a Europa congelaria. Em 2020, a temperatura média já teria caído 3 graus na maior parte do Hemisfério Norte.Os peixes abandonariam as atuais zonas pesqueiras em busca de águas mais aprazíveis. Na terra ou no mar, espécies incapazes de migrar se extinguiriam (9% a 58% de todas as espécies animais hoje existentes, segundo diferentes hipóteses).Ao mesmo tempo, a temperatura do resto do mundo subiria e os padrões de chuvas e secas seriam alterados em várias partes do planeta, provocando estiagens e inundações, difundindo para outras partes doenças, hoje restritas aos trópicos, e agravando os conflitos internacionais, principal razão do interesse do Pentágono no tema.Suas especulações incluem a invasão da Rússia pelo Japão e países da Europa Oriental em busca de energia e recursos naturais, a reunificação das Coréias em uma nova potência capaz de somar a capacidade nuclear do Norte com a tecnológica do Sul e o rompimento pelos EUA do tratado que garante o fluxo do rio Colorado para o México, o que condenaria o país vizinho à desertificação, enquanto seus imigrantes famintos - juntamente com os do Caribe e da América do Sul - seriam impedidos de entrar na reforçada "fortaleza América (do Norte)".Stipp sugere que 25% da população masculina dos países pobres pode morrer nesses conflitos. Contou também que a 20th Century Fox lançou um filme de catástrofe mais ou menos baseado nesse roteiro, chamado The Day After Tomorrow, no qual Dennis Quaid interpreta um cientista que salva o mundo (ou o Hemisfério Norte?) dessa idade do gelo, paradoxalmente, causada pelo aquecimento global.Mas na Fortune o teor explosivo do assunto parece ter passado despercebido - como se Londres e Haia ficassem em outro planeta. Era "só" um "pior cenário" plausível que o Pentágono gentilmente "concordara em partilhar" com essa revista de economia e negócios e com os estrategistas das transnacionais norte-americanas.Neste caso, parece que o meio matou a mensagem. O resto da mídia global não tomou conhecimento até a Observer relançar o assunto e politizá-lo como se deve.O silêncio não foi rompido nem na quarta-feira 18, quando 60 cientistas (incluindo 12 premiados com o Nobel, 11 com a National Medal of Science, três com o prestigiado Prêmio Crafoord, dois ex-assessores presidenciais de ciência e vários reitores de universidades e presidentes de institutos de pesquisa) endossaram um relatório da organização liberal União dos Cientistas Engajados (Union of Concerned Scientists - UCS) que acusa Bush de enganar o público ao distorcer a ciência de acordo com sua vontade política, assim como fez com os relatórios da CIA sobre "armas de destruição em massa" do Iraque.Trata-se de uma denúncia ampla, que se refere também ao ocultamento pela Casa Branca de evidências levantadas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) sobre poluição por mercúrio perto de termoelétricas e produção de bactérias resistentes a antibióticos pela criação de porcos, a troca de peritos científicos por representantes de empresas e igrejas em órgãos consultivos do governo federal, o apagamento e revisão de trechos de relatórios científicos oficiais, a proibição de divulgar que a ênfase na abstinência sexual por parte dos programas de "educação sexual" de Bush fez subir as estatísticas de gravidez adolescente e a ordem da Casa Branca ao Instituto Nacional do Câncer para este declarar, erradamente, que o aborto provoca câncer de mama.Mas a questão mais vital, sem dúvida, era a supressão dos estudos sobre mudança climática e registros de temperatura do relatório anual da EPA divulgado em junho de 2003, também ordenada pela Casa Branca, que os substituiu por um estudo financiado pelo American Petroleum Institute.Mesmo jornais que aplaudiram a UCS, como The New York Times, não citaram o estudo do Pentágono. Do outro lado da cerca, os mais imperialistas que o imperador - como o filósofo Olavo de Carvalho, no site Mídia Sem Máscara - tentaram desqualificar o posicionamento da organização sobre o aquecimento global com base em que "as referências a ela, acompanhadas dos respectivos links, são abundantes nos sites de organizações militantes comunistas, socialistas e pró-islâmicas", sem se dar conta de que fontes tão insuspeitas quanto a Fortune e o Pentágono haviam divulgado cenários muito mais alarmantes.Ainda mais assustador é que mesmo depois de publicada a denúncia no Reino Unido e amplamente comentada na mídia européia, asiática, árabe, israelense, canadense e brasileira, os principais órgãos da mídia norte-americana continuaram alheios ao assunto. O New York Times dedicou várias matérias ao carnaval brasileiro, mas não se referiu ao relatório do Pentágono. Nem o Washington Post.Já o jornal conservador Washington Times - que na véspera havia ridicularizado o ex-candidato democrata Al Gore por tentar ressuscitar a discussão sobre o Protocolo de Kyoto e fazer dele um tema de campanha - ao menos acusou o golpe ao publicar um texto do filósofo Sterling Burnett, do instituto conservador National Center for Policy Analysis.Burnett citou as divergências ainda numerosas entre climatologistas sobre os mecanismos exatos desencadeados pelo aquecimento global para classificar como "ficção científica" a tese da mudança climática, sem se perguntar por que o Pentágono se dá ao trabalho de analisar estratégias reais para enfrentar a tal "ficção".É como os artigos patrocinados pela indústria do fumo que, até o início dos anos 90, alegavam que a falta de consenso dos oncologistas em relação aos mecanismos que levam ao câncer desqualificava como científica a tese de que o cigarro o causava, ainda que tivesse sido exaustivamente demonstrada por estatísticas.Mais tarde o discurso dessa indústria embarcou na onda do individualismo neoliberal: passou a defender a responsabilidade e a liberdade pessoal de "optar" pelo risco de contrair um câncer. Mas no caso do aquecimento global, não há como optar individualmente, mesmo em tese, por correr ou não o risco de causar uma catástrofe planetária. Aliás, de acordo com o cenário do Pentágono, os países mais pobres e menos responsáveis pelas emissões de gás carbônico serão os primeiros e mais duramente atingidos pela vingança cega da natureza.Houve quem, ao constatar a indiferença da sociedade civil ante o aquecimento global e seus efeitos mundialmente catastróficos a longo prazo, lembrasse de certa experiência científica cruel, mas verdadeira. Uma rã colocada em água quente salta imediatamente para fora, mas colocada em uma panela de água fria sobre um fogo que eleve sua temperatura pouco a pouco, a mesma rã nada tranqüilamente até morrer cozida.Da mesma forma, a julgar pelas manchetes da imprensa norte-americana, sempre há mais gente disposta a tomar ou exigir providências em relação aos riscos de ser vitimado por um criminoso desconhecido, por um terrorista islâmico, pela queda de um avião, por abelhas africanas e até pelo choque de um asteróide com a Terra do que a fazer o mesmo contra as conseqüências muito mais vastas e certas, mas graduais, de seu próprio consumo irracional e supérfluo de petróleo.Agora nos é dito, porém, que essas conseqüências talvez nem sejam tão graduais. Talvez se tornem drásticas, óbvias e praticamente irreversíveis já nesta década, ou na próxima. Mesmo assim, a mesma imprensa que dá capas e manchetes a debates sobre os riscos das gorduras hidrogenadas e dos implantes de silicone continua a tratar essa questão como um debate acadêmico complicado, abstrato e distante.Talvez seja mais apropriado atribuir essa relutância a uma propensão a exagerar problemas que, aparentemente podem ser atribuídos a um "outro" a ser punido ou uma natureza a ser domesticada, para melhor ocultar aqueles causados pelo modo de viver, produzir e consumir da mesma sociedade que a própria mídia não se cansa de exaltar e promover.Como noticiar - ou simplesmente pensar de dentro do american way of life - que as emanações dos jipes esportivos que encantam as famílias norte-americanas podem ser muito mais úteis aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse que todos os terroristas da Al-Qaeda e do Hamas, somados? Que a desregulamentação e o livre mercado, em vez de levar ao melhor dos mundos possíveis, podem nos conduzir ao pior desastre da história?Fez fortuna, em outros tempos, o lema "melhor morto do que vermelho (better dead than red)". Agora, parece que mais vale morrer sonhando o american dream do que abrir mão do exagerado padrão de consumo dos EUA: melhor morto do que menos rico.Parece mais fácil ser racional na pobre República das Maldivas, tão pequena que seus cidadãos brincam que só é preciso encher os tanques de seus carros uma vez por ano. É formada por pequenos atóis de coral do Oceano Índico (aquele que abriga a capital tem 500 hectares), com pouco mais de um metro de altura. As mudanças climáticas já começaram a destruí-los e mesmo uma pequena elevação do nível do mar os inundaria rapidamente. Seu governo tem construído diques e quebra-mares para retardar a destruição dos atóis e, em 1997, começou a construir uma ilha artificial chamada Hulhumale, um pouco mais alta que seu território natural, para abrigar seu povo. É a primeira Arca de Noé do século XXI.Seres humanos não são rãs. Distinguem-se de outros animais, entre outras coisas, pela sua capacidade superior de interpretar indícios, relacionar causas e efeitos e antecipar os resultados de suas ações. Mas também por sua capacidade de mentir até para si mesmos - principalmente quando se trata de políticos e empresários (inclusive de mídia) para os quais o encobrimento da verdade favorece seus interesses mais óbvios e imediatos.Isso não diz respeito apenas ao atual governo dos EUA, apesar de seu engajamento a favor dos interesses do setor petrolífero ter obviamente agravado a questão: já no tempo de Clinton os democratas hesitavam em defender abertamente o Protocolo de Kyoto e sua relutância aumentou ainda mais depois dos efusivos cumprimentos da National Association of Manufacturers (a CNI dos EUA) e da Câmara do Comércio a Bush por ter defendido o interesse nacional contra o tratado que limitaria o consumo de combustíveis dos países industrializados.Restou nos EUA, porém, uma instância encarregada de pensar o impensável - as Forças Armadas. Como parece improvável que a Casa Branca decida privatizá-las, seus cientistas podem acabar como os únicos autorizados a discutir ecologia sem serem tachados de antiamericanos.Mas não nos iludamos: ao tratar do assunto, o Pentágono lembra um certo figurante freqüentemente citado por Luis Fernando Verissimo. Sua participação na peça seria entrar em cena durante uma bacanal, jogar as mãos para o alto, escandalizado, e dizer: "Mas isto é Bizâncio!" O ator entrou em cena na hora certa e disse a fala corretamente. Só que fez isso esfregando as mãos.Da mesma forma, é difícil não imaginar os generais a esfregar as mãos ao listar os novos riscos para a segurança nacional e prever a transformação dos EUA em vasta fortaleza protegida por um arsenal ampliado e modernizado que proteja seus recursos de serem consumidos por imigrantes famintos empilhados em precárias jangadas ou pilhados por nações desesperadas, armadas com bombas atômicas.A conclusão do relatório do Pentágono, vale notar, é positiva: "Os EUA sobreviverão sem perdas catastróficas", ao contrário da maioria das demais nações do mundo. Se lhes importa mais estar em primeiro lugar do que viver em um mundo razoavelmente habitável, serão os demais que terão de jogar as mãos para o alto, se escandalizar e gritar "Mas isto é Bizâncio!" Sem esfregar as mãos.Fonte: Revista Carta CapitalPor Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa


E aqui seguem meus artigos:



WEDNESDAY, JUNE 01, 2005


Mitologia ambientalista

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O irresponsável sensacionalismo ambientalista da Carta Capital - I

por Anselmo Heidrich em 22 de março de 2004 Resumo: Numa matéria publicada em duas partes pelo MSM, Anselmo Heidrich detalha os absurdos contidos em artigo alarmista publicado pela revista Carta Capital. 
© 2004 MidiaSemMascara.org

Ice Age to Warming - and Back?March 18 — While scientists have worried long and hard about global warming, a growing body of evidence suggests natural forces could just as easily plunge Earth's average temperatures downward, say NOAA researchers.(Christian Science Monitor)

A Carta Capital segue o receituário da mídia que alterna fofocas políticas sem aprofundamento na análise com matérias do mais puro sensacionalismo. [1]Em defesa do artigo publicado na Folha de S. Paulo “A ciência de Bush”[2], o periódico esquerda-fashion da Carta, acusa Olavo de Carvalho e o site Mídia Sem Máscara de “imperialistas”, incomodado que ficou com a análise feita pelo filósofo.[3] Em que pese a ignorância do periódico sobre o conceito de “imperialismo”, há pontos que merecem discussão.
Em determinado momento da matéria pretensamente científica, onde são apontados fatos aleatoriamente, a Carta diz que a Corrente do Golfo vai ser “barrada” em seu fluxo ao norte da Europa, sem explicar o porquê, como é do feitio raso na sua análise. Esta corrente marítima quente é responsável pelas temperaturas amenas encontradas em latitudes normalmente frias do noroeste europeu. Por “barrada” quis se dizer “resfriada”, mas como se haveria um processo de aquecimento global apocalíptico em curso? Consegue entender? Eu não. O artigo de David Stipp na Fortune esclarece que com o aquecimento atmosférico, o gelo polar poderia derreter, diminuindo a temperatura do Atlântico Norte. A partir daí, o aquecimento provocado pela Corrente do Golfo diminuiria e quanto a “ser barrada”, isto poderia se dar, pois a água originária dos glaciares não é salgada. Ao fluir para o oceano no hemisfério norte, diminuiria sua salinidade e densidade (menos sal, menor densidade) o que significa que desceria menos nas profundezas oceânicas. Isto barraria o curso das águas quentes provenientes do Golfo do México.[4] Tudo bem, isto parece lógico, mas isto por si só já é contrário a idéia de aquecimento global. Ou seja, se num primeiro momento, o clima esquenta, logo depois, resfriaria. O que se pode momentaneamente dizer? Que a mera coleta de dados, por mais evidentes que sejam, não nos fornece elementos suficientes para conclusões definitivas.
Depois conclui, baseada na mistificação precedente, que os peixes podem abandonar tais paragens, como o Mar do Norte, o que levaria áreas mais quentes como as latitudes tropicais a aumentar sua piscosidade. Levando-se em consideração que a Zona Inter-Tropical é formada basicamente por países pobres, se o argumento da Carta fosse verdadeiro, estes sairiam beneficiados. Neste caso, esqueceram de inferir que o aquecimento poderia beneficiar a economia marítima dos mais pobres. Mas o editorial da revista está realmente preocupado com a situação destes ou em apenas justificar a maior interferência estatal nas economias?
Daí, num verdadeiro “samba-dodecafônico-maluquete-pós-hipponga”, a análise vai para outros caminhos chegando a admitir a possibilidade, segundo o Pentágono (claro, esta citação “dá” autoridade ao periódico) do Japão invadir a Mãe Rússia! Com quais armas, eu perguntaria. Funciona assim: no mais surrado jogo geopolítico do “espaço vital” ratzeliano[5], o clima determina a expansão militar dos povos. Não há apreensão cognitiva de nenhum problema, simplesmente aumenta a temperatura e eu me torno mais agressivo, pego um tacape e afundo na cabeça do meu vizinho. Depois iria comprar um ar-condicionado, acho que sairia mais em conta que fazer terapia... Como a Rússia tem o maior território do mundo, parece justificável ocupá-lo, na visão simplista em questão. Embora seja muito mais provável que os inteligentes japoneses prefiram investir e propor programas de migração (como têm, sistematicamente, feito na Austrália), a saída seria uma “guerrinha”. Um tanto desigual, diga-se de passagem, mas sabe como é, o clima, como uma praga egípcia me induziria, em pleno século XXI, a resgatar velhas teorias desgastadas do século XIX.
O Japão tem litígios territoriais com a Rússia (Ilhas Sacalina e Kurilas) como dívida de guerra. De lá para cá, as relações entre ambos não são das melhores, mas investimentos necessários e favoráveis a ambos poderiam surgir. Pelo menos, isto é mais viável que os custos (muito maiores) que uma guerra catastrófica.
Na mesma linha dos quatro cavaleiros do apocalipse, o periódico afirma que a alteração climática poderia levar a unificação das Coréias. A Coréia do Norte é governada por uma dinastia, a do Sul por uma democracia. A não ser que eu esteja completamente enganado, não vejo possibilidade alguma de uma fusão nestas condições atuais. Mas talvez alguns graus a mais mudem os ânimos ao longo do Paralelo 38 que divide os dois países.
Mas a matéria não seria completa se não evidenciasse uma traição aos aliados latinos dos EEUU:
"O rompimento pelos EUA do tratado que garante o fluxo do rio Colorado para o México, o que condenaria o país vizinho à desertificação (...)”.
Maluco isto, não? Se o rio Colorado deságua no Golfo da Califórnia, como o México irá se desertificar? Não vejo nexo algum nisto. Até parece que se o rio secar, a água do golfo vai desaparecer. Isto, sem mencionar que as águas do rio Colorado, como muitos outros naquela região têm regime térmico, isto é, dependem do derretimento das neves das montanhas Rochosas e não da precipitação local. Se vai haver aquecimento global, também há aumento da evaporação e precipitação, ou seja, mais e mais chuva.
Bem ao contrário do que diz a matéria sem pé nem cabeça da Carta Capital, o rio Colorado (bem como outros no mundo em situação similar, Hoang Ho na China, Nilo no Egito e Ganges na Índia), mal conseguem chegar até o mar na estação seca.[6] O que nos leva a supor que com o aquecimento global, o volume de suas águas aumentaria.
Da aventada “desertificação mexicana”, o raciocínio do articulista nos leva para uma visão de latino-americanos em hordas famélicas tentando ultrapassar a barreira que os separa do irmão rico do norte. E é claro, a insensibilidade yankee os barraria cruel e friamente... Será que os paranóicos redatores da Carta sabem quantos imigrantes entram nos EEUU por ano? Dou a dica: cerca de 100.000. E como é de se esperar, a maioria do México. Pelo contrário, os EEUU não tendem a aumentar sua barreira à imigração, não a imigração de mão-de-obra qualificada.[7] Pelo simples fato de que têm déficit deste tipo de trabalhador. (Cerca de 40% da força de trabalho qualificada do Vale do Silício na Califórnia é de procedência indiana.) E a situação de muitos imigrantes foi legalizada na administração Bush.
Do aquecimento global, passando por uma prospecção ficcional de um conflito nipo-russo e uma fusão política democrática-totalitária na península coreana, chegamos no instigante e imaginativo artigo da Carta para a Idade do Gelo. Este é um processo absolutamente natural, misturá-lo com o aquecimento global é especulação. Há poucas certezas e muitas hipóteses sobre as idades do gelo. Uma das hipóteses mais aceita é sobre o afastamento da Terra em sua translação, o giro da Terra em torno do Sol. Isto levaria a um resfriamento com o aumento das calotas de gelo, sobrando apenas uma faixa tropical sem a formação de inlandsis.[8] O fenômeno ocorre periodicamente há dezenas de milhares de anos, quando a espécie humana ainda não tinha passado pela Revolução Industrial, portanto, bem antes de automóveis e indústrias darem as caras.
O festival de fantasias da Carta Capital não termina aí. O próximo ponto é criticar a administração Bush pelo aumento da gravidez adolescente como sendo fruto do tratamento dado à educação nesta administração. O governo Bush tem cerca de quatro anos. Digamos que um adolescente de 14 anos no primeiro ano do governo tenha agora 18 anos. Supõe-se que a falta de orientação sexual pelos professores induza-o a ter filhos. Este é o argumento. Grande pretensão dos professores, não? O que quer que digam (ou deixem de dizer) teria efeito imediato sobre a população em fase de instrução, mais do que as condições culturais reinantes. Para o periódico, o suposto aumento de natalidade não teria nada a ver com a massa de imigrantes (que aumenta) no país? É sabido que sempre que a condição socioeconômica de um dado grupo social melhora, ela é acompanhada por um “baby boom”, isto é, uma alta na taxa de natalidade. Isto ocorreu no Pós-Guerra europeu, japonês, também ocorreu logo após o Plano Real no Brasil etc. Mas depois de um certo período, mais ou menos longo, as condições impostas pelo processo de urbanização, como os maiores custos na criação dos filhos, e o acesso à informação e aos métodos contraceptivos levam a uma reversão desta tendência, ou seja, a queda da natalidade. Como os EEUU ganham dezenas de milhares de novos imigrantes todos os anos, é bem provável que com eles aumente também o número de filhos devido à melhora de seu nível de vida na nova (e auspiciosa) terra. Nada mais natural, mas a Carta Capital conclui o que lhe é conveniente.
No último século, a temperatura global aumentou meio grau (Celsius).[9] O chamado “efeito estufa” é necessário à vida na Terra como a concebemos, pois certos gases retêm parte da radiação emitida pelo Sol, o que possibilita a troca de energia necessária à vida no planeta. O problema é que o aumento das emissões de gás carbônico que é considerado o principal agente retentor da radiação, leva a um aumento da temperatura global. Antes de qualquer coisa, é bom que se diga que a temperatura média global passa por mudanças em longos períodos. Desde 1880, a mudança registrada foi de 13,6 para 14,6o Celsius. O maior incremento ocorreu na década de 60 até o presente quando as temperaturas aumentaram 0,7o Celsius em apenas 40 anos. A avaliação tem sido feita por embarcações e satélites que apresentaram aumento similar da temperatura média global.
Equações matemáticas têm sido utilizadas para descrever processos físicos do clima na Terra. Oceanos, atmosfera, terra, banquisas (grandes blocos de gelo próximos aos continentes) e icebergs, plantas e animais igualmente, também podem ser parte determinante de mudanças futuras nos padrões climáticos. A possível descrição da interação desses elementos em equações matemáticas não é simples, assim como não é simples a previsão a partir de seus resultados.
Uma equação que descreva a relação entre velocidade dos ventos e evaporação oceânica pode levar a conclusões divergentes com outra sobre a temperatura atmosférica e a formação do gelo.
Apesar de anos de experimentação na evolução dos modelos matemáticos, o que menos há é consenso na matéria acerca de suas conseqüências. Uma das variáveis matemáticas mais enfatizadas nos modelos climáticos é o dióxido de carbono. Nesses modelos, os cientistas tentam enxergar como diferentes valores de concentração de dióxido de carbono resultam. Algumas partes do sistema climático, tais como nuvens e partículas de poeira são difíceis de representar usando tais equações. Mas desconsidera-las é temerário, pois são partes importantes para o resultado do clima global.
As pesquisas neste campo são tão diversas que atribuir tudo a uma única causa, o aumento do CO2, para se chegar a uma conclusão consensual sem muita discussão, é uma boa estratégia para se formular um artiguinho sensacionalista. Mas, não muito mais do que isto. Pesquisa da NASA e climatólogos da Universidade Columbia mostra que mais que 25% do aumento na temperatura média global entre 1880 e 2002 pode ser devido à contaminação por poeira da neve e gelo global. Neve pura é muito brilhante, refletindo grandes quantidades de radiação para o espaço, entretanto neve e gelo contaminados com carbono absorvem a radiação solar.
A imagem abaixo revela os resultados do impacto da poeira na temperatura global. Há um maior impacto nas latitudes setentrionais, como revelado por largas faixas vermelha, laranja e amarelo-ouro no topo da imagem.

Mitologia ambientalista 2

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O irresponsável sensacionalismo ambientalista da Carta Capital - II

por Anselmo Heidrich em 24 de março de 2004 
Resumo: Na última parte de seu artigo Anselmo Heidrich aborda mais detalhes de matéria alarmista publicada pela revista Carta Capital. 
© 2004 MidiaSemMascara.org

Voltando ao tema principal, eu teria uma perguntinha óbvia, levando-se em consideração o autor do estudo do Pentágono sobre o cataclismo global, Andrew Marshall: este não seria um pretexto para o aumento dos gastos militares?
Andrew Marshall, o autor do artigo que recebeu a interpretação sensacionalista da Carta Capital, pertence a Office of Net Assessment (ONA), uma subdivisão do Pentágono encarregada de obter fundos para a instituição. Trata-se de um profissional com passagem pela indústria, a academia e os militares, onde muitos dos membros de sua equipe foram deslocados. Ou seja, um consultor que intermedeia tais “tribos” que lutam pela repartição de fundos e sua justificativa perante seu congresso americano. Para entender melhor quem é este sujeito, um artigo na Defense News de 1998 descrevia a ONA, como uma agência que “provê estudos inovadores sobre ameaças futuristas, freqüentemente algo que o resto do Pentágono tem receio de manejar”. Tem mais, tem muito mais que a Carta Capital se recusou a pesquisar: o Wall Street Journal descreveu Marshall como alguém que “luta para salvar as forças armadas americanas da paralisia pelo próprio sucesso na Guerra Fria e a operação Tempestade no Deserto”[11] Trata-se de uma figura chave que agora aparece indiretamente e não por sua vontade, servindo aos propósitos de grupos paranóicos e anticientíficos. No entanto, o objetivo de Marshall é, claramente, reaparelhar a estrutura bélica dos EEUU. Mas esta simples questão, de quem é o autor do estudo que deu origem à matéria sensacionalista passa ao largo dos que se dizem contribuir para a informação do público.
Críticos de Marshall dizem que sua reputação reside na habilidade de providenciar estudos de encomenda para o complexo industrial-militar. Indagado sobre o assunto, Andrew Marshall declina de uma entrevista. O “intelectual orgânico” do Pentágono graduou-se em economia pela Universidade de Chicago e foi empregado da
 RAND Corporation em 1949 tendo trabalhado com defensores do poderio nuclear como Herman Kahn e Albert Wohlstetter. Em 1960 serviu como conselheiro para John Kennedy usando o falso argumento de uma deficiência de mísseis.
Em 1972, Kissinger empregou Marshall no Conselho de Segurança Nacional, onde criou a ONA. Um de seus primeiros estudos apontava que a CIA subestimava o poderio soviético. E foi baseado nele que o Secretário de Defesa James Schlesinger convenceu o Congresso a aprovar recursos para deter o “Urso Russo”. Hoje se sabe que o poderio bélico soviético era bem menor que o americano.
Marshall foi o assessor que durante o governo Reagan escreveu uma carta habilitando-o ao confronto nuclear com a URSS devido ao seu enfraquecimento. Em 1977, sua análise já adotava os contornos atuais ao se focalizar as variáveis ambientais e demográficas como fatores de solapamento do sistema soviético. Segundo um ex-integrante do Pentágono, para Marshall “os russos estavam vindo e tinham 3 metros de altura”.
Desde o colapso do comunismo, Marshall gastou muito tempo para legitimar a força da Rússia na posição de Boris Yeltsin, o novo Urso. Após perceber que a Coréia do Norte estava assolada pela fome, sua atenção voltou-se para a China que, segundo um artigo preparado para a RAND em meados dos 90, gastava $ 140 bilhões por ano em defesa. É uma relação inversamente proporcional ao que muitos elementos enxergam na capacidade bélica americana, apesar de se saber que a China tem, na realidade, um potencial bélico modesto. Desde os anos 70, as tropas chinesas têm sido cortadas pela metade e a maioria dos soldados de campo tem armas da década de 40. A força aérea chinesa não tem mísseis de longa distância e, de acordo com matéria da Time de junho de 1999, seu arsenal nuclear consiste em “força explosiva que cabe inteiro dentro de um submarino americano Tridente”.
Marshall também é um entusiasta do Projeto Guerra nas Estrelas. Sua recomendação no governo Clinton quanto ao multibilionário escudo antimísseis é que será “logo tecnologicamente executável”. O homem é, simplesmente, o pivô da posição do “trem militar”. Há um grupo no Congresso liderado por Jim Roche, um antigo aliado de Marshall agora na 
Northrop Grumman, empresa que desenvolve tecnologia de defesa, defendendo suas posições. Suas cartas e artigos figuram em jornais e revistas como Washington Times, Aviation Week, Weekly Standard e Wall Street Journal. A idéia é que os americanos não podem dormir em paz se preocupando se irão vencer a próxima guerra.
Vamos deixar bem claro que não questiono a importância de Marshall para a segurança de seu país, mas sim seus estudos com pretensão científica. E, para não nos desviarmos de nosso foco de análise, questiono primeiramente o caráter pseudo-investigativo e sensacionalista de esdrúxula matéria da Carta Capital, maliciosa em seus propósitos e vaga na metodologia empregada para atingi-los.
Mas, o estudo “do Pentágono” é científico? Esta simples questão proporia uma inversão de intenções sobre o mesmo. Mas na medida que ele serviria, indiretamente, para criticar a administração Bush, nada mais conveniente para antiamericanistas de plantão que não exercem a atividade do raciocínio em busca da Verdade. Todas as balas devem ser utilizadas na sanha socialista, daí o apoio ao ambientalismo e programas de falhos (ou falsos) pressupostos como o Protocolo de Kyoto que, como bem definiu De Paola sempre foi um natimorto.[12] Diferentemente da sinceridade de Bush em não ratificá-lo para não criar um pesado ônus à indústria americana, a Rússia de Putin, demagogicamente, aceitou assiná-lo num primeiro momento, para depois rejeitá-lo. Tal como nosso hipócrita governo brasileiro o faz atualmente, era apenas “jogo para a galera”. Populismo, nada mais.
Pensadores sérios não afirmam veleidades. Se for verdade que estamos presenciando um aquecimento global, também o é que as teorias neste campo são as mais disparatadas possíveis devido ao próprio processo de construção da Ciência. Quanto ao desenvolvimento da tecnologia que pode substituir os hidrocarbonetos, ela não é uma ficção, como bem assinala De Paola e deveria ser este o caminho para evitar danos e prejuízos ambientais. [13] É o desenvolvimento tecnológico carreado por americanos, japoneses et alii que se configura numa alternativa à poluição e não o luddismo de um Greenpeace. Entidade esta, muito eficaz para protestar contra os EEUU ou Bush, mas que se calou sobre o desvio de águas feito por Saddam nos pântanos de Mad’an onde vive a população xiita iraquiana.[14] Um aprimoramento do etnocídio.
Mas, por que a Mãe Rússia teria desistido do Protocolo? Isto, só por que a possibilidade de ganhar algum dinheiro com o mesmo através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (M.D.L.) já se mostrou descartada pelos próprios países europeus. Ninguém quer pagar e, como sabemos, a corrupção congênita dos países subdesenvolvidos dificilmente levaria a sua correta aplicação.
A argumentação séria inexiste no texto da Carta: "(...) vingança cega da natureza (...)" É este o teor da matéria da sensacionalista. Até parece cartilha evangélica que diz que vulcanismo é prova da "Ira de Deus". Além de bizarra, é contraditória, pois segundo o periódico se há mais gente disposta a exigir providências contra "(...) um terrorista islâmico, pela queda de um avião, por abelhas africanas e até pelo choque de um asteróide com a Terra", o mesmo deveria haver para com o “efeito estufa”. Só que há um detalhe que este tosco maniqueísmo esquece: o terrorismo, a queda do avião, os asteróides e as picadas são comprovados e não fruto de especulação ou sensacionalismo. Pensar seriamente sobre este e outros assuntos não é um dos méritos do editor Mino Carta.
Num instigante artigo[16], Patrick J. Michaels propõe um debate acerca do malfadado "aquecimento global" e algumas afirmações que nos são imputadas sub-repticiamente. Quem disse que há relação direta entre o aumento da temperatura da superfície e a extinção massiva de espécies?
Traduzo aqui algumas de suas principais indagações: 1a) Se os modelos climáticos previstos para o futuro atestam o aquecimento global, os mesmos incluem o aumento da precipitação. Ao contrário do que Greenpeace & Cia. gostariam que ocorresse, esta mescla levaria ao surgimento de mais regiões quentes e úmidas, não o contrário. E são justamente estas que agregam a maior biodiversidade. 2a) Se é verdade (como alguns cientistas têm nos dito) que as temperaturas aumentaram muito mais que 0,8 graus Celsius durante centenas de milhares de anos (uma prova do aquecimento global, não necessariamente induzido pela humanidade), a mesma metodologia aplicada, implica que houve um grande número de extinções naturais e não, especificamente, induzidas por nós. 3a) A circunscrição de determinadas espécies em "envelopes climáticos", disjuntos de seus principais biomas, é tão freqüente que mais parece ser a regra e não a exceção. De modo que, a separação de suas populações da principal distribuição climática condiz com uma visão da natureza reagente e não, meramente, "imersa em um modelo estático", razão pela qual o mais diversificado ecossistema terrestre - a floresta tropical - sobreviveu às eras glaciais. 4a) Se, até os dias atuais, nós temos preservado a diversidade em parques e zôos por séculos, é difícil não imaginar que consigamos (mais) com a moderna biotecnologia.
Sei que esta última consideração será alvo de chacota, pois o zôo não é um lugar suficientemente abrangente para a preservação da espécie na escala necessária, mas não é disto que se trata. Outrossim, muitas espécies são ali preservadas temporariamente e depois reintroduzidas em seus habitats.
Várias outras questões que desafiam o senso comum ambientalista poderiam ser propostas. Analogamente, os ambientalistas odeiam o automóvel, assim como socialistas identificam-no como o símbolo do individualismo. Ambientalismo e socialismo, desnecessário dizer, formam um amálgama obscurantista. Eles costumam defender o uso do transporte coletivo como “racionalização de energia”. O único problema disto é que talvez seu pressuposto seja falso. Segundo o The Independence Institute, os automóveis gastam menos energia que ônibus e estes, menos que os trens. O estudo “Great Rail Disasters” foi baseado em dados de eficiência de segurança e energia do National Transit Data Base. O número de passageiros mortos por bilhões de milhas é 3,9 em rodovias interestaduais; 4,3 em ônibus urbanos; 11,3 para metrôs; e 14,8 para trens.[17]
Esta é apenas uma pequena amostra de quão polêmico deve ser um debate interdisciplinar destes. Nada de sensacionalismos em periódicos, certo? Se fossemos nos basear em um estudo, poderíamos dizer aos ambientalistas, “se queres gastar mais energia e matar mais passageiros, então continue a incentivar as pessoas a deixar seus carros e optar pelo transporte público. Mas, fazendo assim, por favor, não ache que nobres motivos e considerações racionais endossem seus mortíferos esforços”.
A rapidez no julgamento tem poluído mesmo as fontes científicas mais respeitadas. Será que não é a boa e velha Ciência que, realmente, está em extinção?
O objetivo nada oculto, diga-se de passagem, de Mino Carta é bradar contra o livre mercado. Mino Carta e seu economista da Unicamp, Belluzzo têm preferência por quem? Para quais políticos brasileiros eles trabalharam ou trabalham? Será que seu modelo econômico 'alternativo' é um estatismo temperado pela corrupção latino-americana? De uma coisa eu sei, isto é muito mais eficaz (por que dissimulado e hipócrita) que o socialismo.
Voltando à carga: elevações do nível do mar não são novidade e nem sempre guardam relação direta com o aquecimento global. Este é o caso do Delta do Nilo, cujas ilhas deixaram de receber sedimentos e são erodidas pelo Mediterrâneo devido a Barragem de Assuã que bloqueia o fluxo. As ilhas do delta foram formadas por diversos detritos orgânicos e inorgânicos trazidos pelo rio e hoje, já não são mais recompostas.
A par de processos degradantes do ambiente que ocorrem aqui e ali, há experimentos que com alguma técnica, nem muito avançada, mostram que com análise e vontade se reverte tais processos. Este é o caso do Sahel, região semi-árida ao sul do Saara conhecida pela expansão do deserto devido a um misto de técnicas agrícolas primitivas e superpopulação. Em Burkina Fasso, p.ex., a colocação de fileiras de pedras nos contornos de terrenos inclinados e a abertura de buracos nos campos, têm reduzido a perda de água das chuvas. Isto permite o reflorestamento e o plantio de safras que ajudam na fixação do solo. O aumento da produtividade já é de 50%. Em todo o Sahel, do Senegal à Etiópia vem ocorrendo uma transformação similar.[18] O deserto do Rajastão na Índia vinha sofrendo há anos de severas secas. Ao invés de lerem matérias sensacionalistas daqueles que pregam o apocalipse, os nativos passaram a construir uma série de poços de tecnologia primitiva e fundaram uma organização local, a Tarun Bharat Sangh que se encarrega dos materiais. Hoje em dia, há 4,5 mil desses poços em cerca de mil aldeias, todos feitos com mão-de-obra e materiais locais.[19] O mais belo dessa história é que tais atitudes tornam as pessoas responsáveis pelo recurso. Não se trata de estado, governo ou partido incentivando-as a se mexerem, mas consciências. Consciência bem diferente da que induz a culpa por uma mentira ou um cataclismo. Não se trata de atribuir a sociedade pós-revolução industrial o destino pela perda da natureza, mas com a tecnologia, moldar construtivamente o ambiente aos nossos interesses e necessidades. Este é o pressuposto básico de uma sociedade: liberdade e responsabilidade individuais. Lições estas que jornalistas ou pseudocientistas que parasitam na desgraça alheia dificilmente aprenderão.
Agora eu pergunto se isto consta nos livros didáticos marxistas do Brasil? Ou se contribui para vender periódicos travestidos de leitura e informação sérias de 5a categoria? Quanto aos Cartas, Belluzzos e Coelhos da Costa, eu não tenho nenhuma expectativa.
Quem esfrega as mãos é quem não aceita estudar profundamente o assunto antes de publicar uma séria de incongruências científicas prematuramente. Caríssimos editores e articulistas da Carta Capital, nós não “esfregamos as mãos”, mas pesquisamos e analisamos fatos para, entre outras coisas, “esfregar na cara” de vocês.
Mas, pensando cá com meus botões, até que a Carta tem razão em alguma coisa, o ambientalismo é importante e, sendo assim, vou ajudar a reciclar: sempre que tiver em mãos, um exemplar do periódico irei deixá-lo no meu banheiro...
14 Cf. The “Eden Again” Project: A new project sponsored by the Iraq Foundation e The Iraqi Government Assault on the Marsh Arabs.
15 O M.D.L. consistia na compra de cotas de poluição dos países subdesenvolvidos pelos países industrializados. Todos teriam direito a um certo patamar de poluição que, se não fosse atingido, poderia ser comercializado. Assim, países como a Rússia que ostentassem, temporariamente, baixo crescimento industrial poderiam vendê-lo, desde que aplicassem esses recursos em “atividades ecologicamente sustentáveis” como reflorestamento etc. Eu gostaria de ver a máfia burocrática russa fazendo-o... Ou imagine tais recursos parados no Congresso Nacional brasileiro à espera de deputados lobistas votá-los. Agora que, com várias guerras no Oriente Médio, a Rússia aumentou suas exportações de petróleo, e seu PIB cresce cerca de 7% ao ano não é mais conveniente ser “ambientalmente correto”.
16 
Massive extinction of logic.
17 Caldara: Are we lying? Judge for yourself.
18 National Geographic Brasil. “O Recuo do deserto.” Novembro de 2003.
19 Idem. “Água sob pressão.” Setembro de 2002.

O autor é professor de Geografia no Ensino Médio e Pré-Vestibular, formado pela UFRGS.
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Entrou água na matéria da Carta Capital

por Anselmo Heidrich em 14 de abril de 2004 
Resumo: O professor Anselmo Heidrich mais uma vez demonstra que, contra fatos, não há argumentos. 
© 2004 MidiaSemMascara.org

Enquanto certas revistas se afundam cada vez mais na falta de pesquisa que poderia dar um certo crédito à suas matérias, como se fosse uma verdadeira “canoa furada”, a fronteira entre EE.UU. e México está ficando cada vez mais seca. O que afeta não apenas o meio ambiente comum[1], mas toda organização agrária local.
Quando a Carta Capital afirmou, baseado no alegado estudo do Pentágono que os EE.UU. poderiam quebrar o acordo de vazão do rio Colorado com o México, me perguntei: que acordo? Para minha surpresa fui agraciado com uma mensagem enviada por um leitor do Mídia Sem Máscara residente no Texas, que mostrava exatamente o oposto. Quem desvia águas na fronteira com o Texas para plantações acima é o México. Inclusive suas terras no deserto de Chihuahua e no parque americano de Big Bend estão cada vez mais áridas.
Pesquisa vai, pesquisa vem, me deparei com o seguinte artigo 
Texas Fights Mexico for Water, indicado pelo perspicaz leitor. Quem diria, caros editores da Carta Capital, que quem desrespeita o acordo de suprimento de água na fronteira dos dois países é o México. O déficit de água leva a prejuízos da ordem de USD 500 milhões por ano à agroindústria e cidades texanas no vale do Rio Grande. O desvio de águas feito pelo México em Chihuahua é usado para a hortifruticultura e levou vários agricultores texanos à falência. Uma perda de USD 350 milhões por ano e 21.000 empregos permanentes e temporários. E adivinhem para quem os mexicanos exportam sua produção? A água do Texas é usada contra sua própria produção.
O problema ambiental em questão também é social, não se trata apenas de parques nacionais prejudicados (e isto, por si só, não é pouco), mas agricultores e cidades têm sofrido com um verdadeiro desastre. Há 10 anos, eu disse, 10 anos, o México tem falhado em transferir a parte devida de água do Texas como assinado em tratado específico. E de quanta água estamos, efetivamente, falando?
O tratado requer que 1/3 do fluxo do Rio Grande de cinco afluentes sejam loteados pelos EE.UU. Isto mesmo, apenas 1/3.
O Departamento de Agricultura do Texas já anunciou 1.862 cheques para assistência aos agricultores no valor total de USD 10 milhões em 2001, devido a redução de água do Rio Grande. Tais fundos destinam-se a irrigação. Nada mais nada menos que 455.388 acres[2]. O financiamento foi apenas paliativo, para aliviar as perdas: USD 21,77 por acre afetado pela seca, enquanto que esta implicou em perdas de USD 259 por unidade[3]. Trata-se de uma ação de salvamento e não de alavancagem do desenvolvimento regional. Uma prova disto é que o financiamento na sua maior parte (cerca de USD 8 milhões) vai para os condados mais afetados – Cameron e Hidalgo com 376.431 acres.
O débito do México para com os EE.UU. herdado pelo tratado firmado em 1944 (!) é de 1,5 milhões de acres cúbicos, o que leva a prejuízo de USD 1 bilhão aos texanos durante 10 anos, segundo estudo da Universidade A&M do Texas.
O México concordou em pagar apenas uma parte disto, cerca de 350.000 acres cúbicos, e um adicional de 50.000 se as condições meteorológicas assim o permitirem. Entretanto, isto não é suficiente. Para a safra seria necessário um mínimo de 600.000 acres cúbicos na época (2001). E isto que não estamos estimando as perdas por evaporação.
A Comissão para a Conservação dos Recursos Naturais do Texas 
(TNRCC) já elaborou um plano de combate à seca e ao uso feito pelo México em desacordo com o tratado: deslocar água dos afluentes do Rio Grande[4]. Em suma, sem a colaboração mexicana, os texanos tomam suas próprias providências.
Este foi um conciso relato de um problema ambiental. Agora, vejamos como um certo instrumento de mídia avalia este tipo de situação:
“Ao mesmo tempo, a temperatura do resto do mundo subiria e os padrões de chuvas e secas seriam alterados em várias partes do planeta, provocando estiagens e inundações, difundindo para outras partes doenças, hoje restritas aos trópicos, e agravando os conflitos internacionais, principal razão do interesse do Pentágono no tema.
“Suas especulações incluem a invasão da Rússia pelo Japão e países da Europa Oriental em busca de energia e recursos naturais, a reunificação das Coréias em uma nova potência capaz de somar a capacidade nuclear do Norte com a tecnológica do Sul e o rompimento pelos EUA do tratado que garante o fluxo do rio Colorado para o México, o que condenaria o país vizinho à desertificação, enquanto seus imigrantes famintos – juntamente com os do Caribe e da América do Sul – seriam impedidos de entrar na reforçada ‘fortaleza América (do Norte)’.”
In Carta Capital. “Silêncio de Ensurdecer”, 3 de março de 2004.
Já foi amplamente comentado o “caráter” deste tipo de sensacionalismo[5] onde se mistura especulação geopolítica e falta de lógica acerca dos mecanismos climáticos globais. Mas a “questão hídrica” que agora se põe foi um detalhe em que o periódico da Carta se omitiu de analisar devidamente: o tal aquecimento iria diminuir a vazão do rio? Não, é a resposta. Embora a Carta esteja se referindo ao Rio Colorado[6], ela parte do princípio de que os EE.UU. desrespeitariam o acordo feito com o México ao permitir a perda de vazão do rio. Isto é o quê? Endosso do estudo do Pentágono acriticamente, apenas? Ou um grosseiro wishful thinking eivado de antiamericanismo primário? Como a Carta trata do assunto no “reino das conjecturas” nós opomos um estudo de caso a ele. Haja vista o problema apresentado, a pergunta que se põe é: quem tem maior probabilidade de desrespeitar acordos de uso de águas fluviais comuns? Basta ver o histórico entre EE.UU. e México. Agora outra perguntinha: qual tipo de matéria vende mais? A sensacionalista que trata de tragédias globais baseada na imagem de um “grande Satã” ou um estudo meticuloso, sério, chato até, que revela detalhes que fogem da mera especulação?
A Carta Capital gosta de criticar o neoliberalismo, mas aqui ela parece se render ao sabor do “inconsciente coletivo” de seus consumidores ao tentar expiar algo ou, no caso, um país. Chame-se a isto do que quiser, mas tenho minhas dúvidas se podemos chamar de Jornalismo com “J” maiúsculo.
E, antes tarde do que nunca, a Carta trata do Rio Colorado, meu artigo do Rio Grande. Parecem estudos que tratam de assuntos diferentes, mas não, pois guardam similaridades entre si devido ao problema aventado. Apenas o aspecto regional é distinto, o tema é o mesmo. Esta observação se faz necessária, pois sei que a refutação se vier, focará em tudo, menos no que realmente importa.
[2] Acre. Medida agraria equivalente a 40, 47 ares (Inglaterra e Estados Unidos), ou 0,40468 ha (hectares). In OLIVEIRA, Céurio de. Dicionário Cartográfico. Rio de Janeiro : IBGE, 1983, 2a edição.
[6] Fica patente a ignorância dos editores da Carta Capital que versam sobre um tema, sem nem ao menos saber onde deságua o referido rio. Cf. O caráter da Carta Capital. 
O autor é professor de Geografia no Ensino Médio e Pré-Vestibular, formado pela UFRGS.


SUNDAY, SEPTEMBER 18, 2005


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A Guerra Irã-Iraque (1980-88) associada a “progressiva desarticulação da Opep” foi, na verdade, conseqüência da Revolução Islâmica do aiatolá Khomeini na tentativa de exportá-la para os países vizinhos. Ao contrário do que se alardeia, o 
‘financiamento’ do principal opositor do Irã, o Iraque e o regime Baath de Saddam Hussein não foi feito, exclusivamente, pelos EUA, nem foram estes os maiores agenciadores de recursos. Tratou-se de uma operação que envolveu recursos de países como França, Alemanha, Itália, Reino Unido, URSS, Arábia Saudita, Japão, e até mesmo o Brasil. Mas, os imbecis antiamericanos acreditam ser obra de única e exclusiva autoria do Tio Sam. Se a operação foi moral ou imoral, justa ou injusta não nos cabe dizer neste ensaio, mas a operação em si, suas causas, desenvolvimento e conseqüências chamamos de ‘geopolítica’. E nunca foi exclusividade dos EUA no século passado, como podem crer os neófitos.
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Todo déspota, seja Khomeini, Saddam ou Chávez, sentados sobre um mar de petróleo, só tem uma estratégia político-econômica: aumentar o preço do barril. Este é o saldo imediato de suas revoluções, meio para atingir um fim que se torna também um dos fins em si mesmo. Quando Khomeini assumiu em 1979, seu primeiro ato de política externa foi fechar o Estreito de Ormuz e, obviamente, o preço do barril subiu para mais de USD 70,00..
Quem desativou as minas submarinas fazendo o preço cair para toleráveis USD 34,00? Sim, eles mesmos, os ‘malditos’ (e invejados) yankees.
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Insinuar, portanto, que foi devido à guerra posterior que o preço do barril se manteve alto é uma mentira. Manteve-se alto sim, devido à influência de Khomeini.
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E é mais fácil (ou conveniente) para a Carta admitir que o barril tenha ultrapassado aos USD 70,00 devido ao furacão que devido à sistemática contenção de produção por Hugo Chávez. Culpar um fenômeno natural não surtiria o efeito desejado, então tem que se responsabilizar alguém pela mudança climática. Mino Carta pode então sugerir que a responsabilidade é de George W. Bush por não assinar o Protocolo de Kyoto.
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Outra contradição não percebida pelos jornalistas da Carta: como já foi inúmeras vezes dito por eles, a guerra de Bush ao Iraque visava o petróleo; então por que o preço do barril subiu imediatamente? A não ser que Mino Carta acredite que o Tio Sam invada um país com o objetivo explícito de pagar mais caro pela matéria-prima que este país produz, o que é no mínimo, absurdo. Das duas, uma: ou o petróleo aumentou devido à guerra, o que é factível e, isto significa que o interesse americano no Iraque não era pelo petróleo barato (uma vez que ficou caro) ou o petróleo aumentou de preço somente por fatores externos ao conflito no Iraque contradizendo as intenções de Bush e, sendo assim a causa recai sobre a Opep e Chávez.
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Ou Mino Carta admite que a guerra não foi pelo petróleo, já que este se tornou mais caro, ou admite que a responsabilidade pela alta do petróleo corresponde a outros governos que não o de George W. Bush. Mas, pelo visto, a Carta é incapaz de concluir isto ou aquilo por pura deficiência de lógica em seu raciocínio e seu jornalismo tendencioso.
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A Carta justifica que devido à alta petrolífera:
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“Na França, esperava-se ver o crescimento econômico acelerar de 0,3% no primeiro trimestre para 0,5% no segundo, mas na realidade freou para 0,1%, dificultando a implantação das reformas trabalhistas liberais desejadas pelo atual governo. Por outro lado, na Alemanha isso tende a manter alto o desemprego e provavelmente favorecer a eleição de um governo conservador.”
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França e Alemanha são economias engessadas devido, justamente, à legislação trabalhista que têm, assim como os programas assistencialistas que desmotivam trabalhadores a procurar emprego se desvencilhando de seus seguros. Seus governos relutam de modo anacrônico e insistentemente rejeitam, empurrando com a barriga a necessidade de cortes profundos no funcionalismo público. Isto, associado ao incremento relativo de seus idosos cria e piora uma situação que tende a insustentabilidade. Países como a Finlândia já se renderam à necessidade de reformas ao adotarem os 75 anos como idade mínima para aposentadoria. Logo, logo chegará a vez das locomotivas da União Européia.
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Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, autor da matéria, parte da equivocada premissa que não é o liberalismo econômico e a eficiência administrativa do setor público que levantam a economia. Para ele, as reformas viriam depois... Ué?! Se houvesse crescimento, para que reformar? Se não houve, daí a necessidade de reforma. O que não se pode afirmar é que, como induz a Carta, devido à alta do barril do petróleo, as reformas trabalhistas liberais estancaram. Simplesmente, não faz sentido. Aí já não é o efeito no lugar da causa, mas que uma coisa não tem a ver com a outra...
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Sem lugar para os fatos.
Mas, por esta aqui eu não esperava mesmo:
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“Restam poucas reservas importantes a explorar fora da Opep e talvez nenhuma a descobrir. Há pouquíssima capacidade ociosa em todo o mundo (...)”
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Só para citar algumas reservas que me recordo de momento: Ártico, Alasca (não explorado devido ao lobby ambientalista)[6], Mar Cáspio (2a mundial após o Golfo Pérsico), a vasta Sibéria, vários países africanos como Gabão, Nigéria etc. com grande capacidade ociosa (ao contrário do que apregoa a Carta), etc.
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A Carta nunca explorou devidamente as tensões no Cáucaso relacionadas à disputa pelo óleo como na Chechênia, por exemplo. Também nunca imaginou que há uma disputa entre EUA e Rússia pelo óleo negro do Cáspio, no qual uma batalha foi vencida pelo primeiro por intermédio Turquia/Azerbaijão. Estes últimos têm relações próximas, (o povo azeri é turco e não árabe) e favoreceram a construção de um oleoduto via planalto da Anatólia até o Mediterrâneo, furando assim o bloqueio e monopólio russo no transporte Mar Cáspio-Mar Negro.
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Nada disto importa para a Carta...
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Tem mais:
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"Mas, assim como as catástrofes naturais e os intermitentes conflitos étnicos na Nigéria esses eventos ajudaram a antecipar um processo inevitável.”
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Ora, uma guerra civil de dez anos na Nigéria teve a participação da Elf francesa que insuflou a etnia Ibo na região de Biafra (que detém as reservas petrolíferas) a se separarem do restante do país. O prêmio seria o privilégio/monopólio da extração. A British Petroleum não deixou por menos e divulgou o plano entre os Haussas muçulmanos do norte, que ficariam sem emprego. Dito e feito, a extração continua com a empresa britânica.
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Aliás, a Elf é a mesma empresa que explorava o petróleo iraquiano e, provavelmente, o desviava ilegalmente via Jordânia para o Mediterrâneo. A Jordânia, aliada americana ‘no papel’ cobrava uma cota de ‘apenas’ 50% do óleo transportado, furando o bloqueio de Clinton.
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Petróleo este, cuja maior reserva fora descoberta pela Petrobrás, mas que perdeu o contrato por que queria 20% do faturamento, como originalmente acordado. Mas, pode a Carta criticar a França da Elf Aquitaine? Não, só os EUA... Obsessão estúpida, na melhor das hipóteses, interesses escusos, na pior.
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Neste vendaval de absurdos proferidos pela matéria da Carta ainda sobrou espaço para o endosso ideológico de uma política econômica intervencionista, bem ao gosto de um Orestes Quércia:
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“É igualmente importante, apesar de não notado pela Economist (sic), que na China, na Índia e em outros países periféricos, inclusive Brasil e Argentina, os preços internos dos derivados estão regulamentados e não refletem a alta internacional. Não afetam seu crescimento e suas exportações – e, por serem esses países superavitários no comércio exterior e parcial ou totalmente auto-suficientes em petróleo, também não afetam drasticamente suas balanças comerciais.”
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Doido, não?
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‘Preços regulamentados’ na verdade é um eufemismo para ‘controlados por interesses políticos’, como foi o recente caso da Petrobrás para sustentar o governo Lula.
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Como não afetam nosso crescimento se o petróleo ainda pesa na nossa pauta de importações? O fato de termos superávits primários constantes se deve mais a uma contenção nas importações do que a um crescimento significativo. Haja vista que o Brasil é o país que menos tem crescido na América Latina, por exemplo.
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Se somos parcialmente auto-suficientes, como nossos preços internos aumentam, proporcionalmente, aos aumentos externos? Apesar da extinção do monopólio legal, ainda temos um monopólio de fato e, se a Petrobrás precisa exportar petróleo pesado e importar o leve para refino é por que não investiu o que devia em refinarias adequadas, assim como não investe o necessário nas reservas de gás da Bacia de Santos. Tudo isto baixaria seu lucro garantido devido à oferta de combustível mais barato. Esta é a ‘auto-suficiência’ nacional proposta pela Carta?
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Razões para a escassez de investimentos externos na área petrolífera não faltam. Assim como a Petrobras noticia que não mais fará investimentos na Bolívia devido à recém criada Lei dos Hidrocarbonetos que aumentou o imposto sobre a extração de gás natural de 18% para 50%, o estado brasileiro já o faz há muito. Basta verificar o peso dos tributos (em cascata) que nos chega à bomba da gasolina.
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O que a Economist ‘não notou’ é a capacidade de mentir do mainstream brasileiro.
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Como é que é?
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“(...) os preços não aumentam (...) no Brasil, desde 2004 (...)”.
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Bizarro, não? Chega a ser ridículo eu ter que chamar a atenção sobre isto, mas talvez ajude a redação da Carta:
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O vendaval de asneiras inspirado no Katrina continua, quando a Carta tenta mostrar o déficit comercial dos EUA como um problema. Como, se sua balança de pagamentos é extremamente positiva? O que importa é o capital final e não se os americanos gastam mais comprando produtos chineses entre outros. Há quem os financie tornando sua balança de pagamentos positiva e, nesse quadro, se amarra cada vez mais a economia chinesa e asiática em geral à americana.
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É também patética a desatualização informacional dessa revista quando fala de alternativas energéticas e inovações tecnológicas. Foi só nos anos 80 que Detroit teve um atraso tecnológico em relação à indústria automobilística japonesa. Tal defasagem já foi superada.[7] Inclusive, as empresas mais modernas já romperam com o que as emperrava: o sindicalismo de Detroit. Ao migrarem para o Sunbelt, em estados como o Kentucky, empresas como a Ford e a General Motors provaram que sua crise era de natureza mais administrativa que tecnológica em si. Graças à diversidade legal que os EUA oferecem, quando um ou outro estado trava a produção, basta migrar o capital. No caso brasileiro, a ausência de um verdadeiro federalismo e autonomia (relativa) de nossos estados minimiza esta estratégia capitalista intranacional.
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Ademais, Mino Carta e seus jornalistas provaram que não conhecem nada de Globalização, pois a Mazda japonesa e a Kia coreana têm expressivas participações acionárias na Ford. Para Mino Carta, as empresas globais ainda devem ser entendidas segundo suas matrizes nacionais. É claro que este recorte analítico nacionalista bloqueia o intelecto criando um déficit cognitivo:
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“[A] eficiência no uso de combustível estimulará a importação de veículos asiáticos e europeus, mais econômicos.”
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Agora, leiamos algo da última Economist, que a Carta não notou:.
São empresas japonesas sim, mas também alemãs e americanas desenvolvendo modelos mais econômicos graças à demanda americana. É o mercado que manda. Nesta matéria, Mino Carta deve ter sido repetente na sua escola...
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Réquiem para uma Carta Surreal.
O que mais podemos dizer? Talvez, mais perigoso que o terrorismo ou o (suposto) aquecimento global, como os jornalistas da Carta nos chamam a atenção, seja a ilogicidade dos argumentos obscurecidos por uma ideologia estatista e terceiro-mundista, pretensamente preocupada com o meio ambiente. Que a Carta seja uma farsa nós já sabemos, o que eu não sabia é que sua argumentação era capaz de decair mais ainda.
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[6] O lobby ambientalista nos EUA é, seguramente, um dos mais perversos no mundo. O gás natural é um dos menos poluentes combustíveis fósseis e sua adoção em massa implicaria na redução dos poluentes atmosféricos. Mas, para isto, o país teria que quebrar a campanha maciça e desonesta que tal movimento ambientalista faz contra esta matriz energética: “desaloja animais e plantas”, “extremamente volátil”, “apresenta enorme risco” etc. Bem, vamos aos fatos: nos últimos 60 anos morreu apenas UMA pessoa em acidente envolvendo o gás natural nos EUA. O Japão é um grande usuário desta fonte e no terremoto de Kobe em 1995, que atingiu 6,8 na escala Richter (vai até 9,0), não teve NENHUM incidente relacionado. A tecnologia adotada hoje em dia minimiza bastante a possibilidade de risco envolvendo o gás. Os ambientalistas não têm demonstrado preocupação, no entanto, com os prejuízos causados pelas campanhas anti-nucleares ou anti-combustíveis fósseis, nem ao menos com os milhões que morrem desnecessariamente devido ao corte ou banimento de inseticidas. Neste rumo, logo ouviremos o mote ‘adote um mosquito’! Cf. 
Environmentalism's Dangerous Campaign for "Safety"
[7] Conceitos administrativos e de engenharia de produção como Apenas À Tempo (AAT), mais conhecido como just in time e o Controle de Qualidade Total (CQT) inclusos no que se convencionou chamar de ‘toyotismo’ foram estudados e, simplesmente, adotados pelos americanos. Os EUA fizeram o que o Japão se notabilizou fazendo: copiaram e adaptaram.
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Leia também:
O irresponsável sensacionalismo ambientalista da Carta Capital III e III
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O autor é professor de Geografia no Ensino Médio e Pré-Vestibular, formado pela UFRGS.
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por Anselmo Heidrich em 17 de setembro de 2005
Resumo: Talvez mais perigoso que o terrorismo ou o suposto aquecimento global, seja a ilogicidade dos argumentos obscurecidos por uma ideologia estatista e terceiro-mundista, pretensamente preocupada com o meio ambiente, como a adotada pela Carta Capital.
© 2005 MidiaSemMascara.org
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Inversão de causa e efeito

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E a matéria segue atirando para todos os lados. Tal ‘achismo’ pretende tornar mais fácil e conveniente acusar a atual tendência na alta petrolífera pela tentativa de ‘golpe de estado’ na Venezuela do que a intencional proposta de redução da oferta de óleo por Hugo Chávez. Esta sim, a verdadeira razão estrutural da alta, plagiada dos árabes em 1973. Se as forças chavistas renderam a oposição, então o que se seguiu no preço do petróleo se deve a Chávez e não a nenhum golpe, mesmo por que este não se consumou. Não é maluco imaginar que a ‘tentativa de golpe em Caracas’, frustrada segundo a própria revista, seja mais significativa para a alta do barril do que a permanência do inconstitucional governo de Chávez?
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Observem o gráfico utilizado na matéria da Carta:
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O Ecofascismo da Carta Capital

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O irresponsável sensacionalismo ambientalista da Carta Capital - III
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por Anselmo Heidrich em 16 de setembro de 2005 
Resumo: Matéria da Carta Capital sobre o furacão Katrina é só mais um pretexto para a proposta de "capitalismo" da revista: tributar, regular e distribuir segundo "critérios racionais", mesmo que não sejam comprovados cientificamente. 
© 2005 MidiaSemMascara.org
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A edição de 14 de setembro da Carta Capital não perdeu tempo em relacionar o furacão Katrina ao aquecimento global e à ‘deterioração do clima’. Procurando apoio para sua argumentação, a revista buscou um especialista da WWF. Sim, a mesma ONG que até bem pouco tempo atrás afirmava que a Amazônia era o ‘pulmão do mundo’. Esta ‘tese’ não foi, em realidade, uma tese, mas um erro de tradução jornalístico. O mesmo não se pode dizer da Carta, pois seus erros não ocorrem por mera desatenção.[1]
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O segundo passo na receita alarmista da matéria é mostrar o mundo em crise como estando prestes a implodir, misturando diversos situações e problemas ambientais. Quanto a ondas de calor que têm fustigado a Europa, já o dissemos aqui[2]... Em 2003 houve uma elevação da mortandade de idosos na França, o mesmo não ocorreu no interior dos EUA por uma razão bastante simples: os americanos usam mais aparelhos de ar condicionados que os europeus. São mais ricos e menos açoitados pela influência estúpida de ‘ecologistas-melancia’ (verdes por fora, vermelhos por dentro).
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Mas, na nota de rodapé da foto de uma plataforma petrolífera, a revista foi mais cuidadosa que outrora ao se meter em seara que não domina. Disse que o fenômeno climático pode ser conseqüência do chamado ‘efeito estufa’. Mesmo assim, ainda explica mal sua hipótese ao afirmar que o ‘efeito estufa’ é o problema. Santa ignorância: o efeito estufa é natural! Cabe diferenciá-lo de ‘aquecimento global’, coisa distinta, mas relacionada.
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Conjecturas sem refutações
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Já que a trupe de Mino Carta entende que citar cientistas lhes empresta autoridade intelectual, me permitam aqui jogar seu joguinho.
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Segundo Richard S. Lindzen, meteorologista do MIT, se a atmosfera fosse transparente à radiação infravermelha, ela produziria uma temperatura média na superfície de –18oC. Entretanto, como a atmosfera não é transparente ao infravermelho, a Terra deve se aquecer ao retê-lo parcialmente. A isto chamamos de efeito estufa. Graças, principalmente, às nuvens e o vapor d’água, este é o efeito estufa necessário à vida, tal como a conhecemos.
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Como a atmosfera tem se tornado mais ‘opaca’ ao infravermelho, a temperatura tem aumentado proporcionalmente. Este é o chamado aumento do efeito estufa. Diferente, pois, de simplesmente dizer ‘efeito estufa’.
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Outro pesquisador de peso na área, Willie Soon, de Harvard, compilou e analisou mais de 200 relatórios sobre alterações climáticas produzidos nos últimos 10 anos. Além dos recentes relatórios, a equipe que dirige, formada por pesquisadores de Harvard e Delaware, estudou documentos sobre assentamentos Vikings na Groenlândia de 986 d.C., variações em glaciares na Patagônia, registros isotrópicos de estalagmites da Caverna do Buda, na China, etc. Segundo seus estudos, as últimas ondas de calor e frio podem corresponder a variações climáticas naturais e não a emissões de gases causadores do (suposto) aquecimento global. Segundo tais estudos, se obtém uma interessantíssima informação: o século XX não foi o mais quente do milênio.
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É bom que se diga que esta afirmação contesta as conclusões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que afirma justamente o contrário, que o século XX foi o mais quente da história da Terra devido à atividade urbano-industrial. Aliás, como bem notou Lomborg em seu admirável O Ambientalista Cético, o IPCC sempre divulga apenas os piores cenários dentre todos que são analisados.
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Por quê? Deixe-me adivinhar... Assim como notícia ruim vende mais, também consegue mais subsídio para pesquisa! E, se me permitem inferir, o ‘interesse ecológico’, que países e governos tradicionalmente corruptos, têm no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (M.D.L.), não passa de uma forma de subsidiar sua economia improdutiva ao vender créditos de carbono aos países desenvolvidos. Reciprocamente, deverão reverter o capital auferido para “atividades ecológica e economicamente sustentáveis”. Sei, se em algum paraíso fiscal no Caribe é o que teremos...
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Entre as contra-argumentações está a de que o IPCC tende a subestimar as variações de longo prazo, em décadas e séculos. Para afirmar isto, Soon utilizou indicadores proxy paleoclimático [3] de várias localidades. Através destes verificou uma “anomalia climática” chamada de Período Medieval Temperado (800 a 1300 d.C.), durante a qual a temperatura foi maior do que a do século XX.
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E, mesmo após o aquecimento constatado durante a Idade Média, confirmou-se uma Pequena Idade do Gelo entre 1300 e 1900 d.C. O IPCC de 2001 não considerou a presença de ambos os períodos em sua análise, limitando-se às variações do século XX.
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O Terceiro Relatório do IPCC[4] sofreu pressões políticas de grupos ambientalistas aos quais muitos cientistas estão ligados, como aqueles em que se baseia a revista de Mino Carta. Mas, vozes discordantes em nome da Ciência como Soon, Lindzen e outros como Philip Stott, continuarão buscando maior solidez para concluir qualquer coisa sobre as variações climáticas globais. Quanto mais buscamos informações a respeito, mais verificamos que se trata de um campo sujeito às inúmeras controvérsias. O que não se pode admitir é que uma publicação ou revista eletrônica seja levada a sério se não contempla duas ou mais visões a respeito do mesmo assunto. Neste quesito, a Carta Capital não passa de um pasquim catastrofista que engana seus leitores. Não se cobra da revista rigorismo científico; apenas um mínimo de integridade moral e coerência investigativa.
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O finado e fantástico Sir Karl R. Popper estaria se revirando no túmulo se presenciasse tal ‘debate científico’ atual: o ‘jornalismo científico’ da Carta conjectura, sem nunca por à prova suas tresloucadas ilações.
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Atmosfera intelectual opaca.
De acordo com o atual consenso alarmista mundial, no próximo século, a temperatura média global aumentaria 1,3 graus. Inverno e verão seriam duas vezes mais quentes(!). Poderia, entretanto, haver um maior crescimento da biomassa, o qual não se sabe ao certo que conseqüências (inclusive, benéficas) traria.
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O que mais impressiona nesta falta de equilíbrio e de senso analítico, é que gente como Mino Carta ou não percebe interesses óbvios de apologistas do caos como o ex-vice-presidente Al Gore, autor de Earth in the Balance, ou defende interesses análogos como o de uma maior intervenção estatal para dirimir efeitos negativos não comprovados do setor privado. Eu não posso crer que ele seja tão ingênuo...
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Um mundo onde se parta do princípio da necessidade de intervenção na esfera produtiva a título de combater o aquecimento beneficiaria estados e ideologias socialistas ou social-democratas bem ao gosto de Hillary Clinton. O socialismo travestido de movimento ambientalista encontrou nesta seara um amplo leque de opções que tem o alarmismo e a pseudociência como esteios. MoveOn.org é um movimento que se enquadra perfeitamente nesta linha, já que se aproveitando da paranóia deflagrada pela película “O dia depois de amanhã”, apóia o “Climate Stewardship Act” (S. 139 & H.R. 4067), uma política integrada para cortar as emissões de gases que “provocam o efeito estufa nos EUA”.
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Se tal lei fosse aprovada, o custo médio da energia, por residência, nos EUA aumentaria USD 444,00 por ano até 2025, segundo a Energy Administration Information (EIA). Em termos reais, o PIB americano diminuiria mais de USD 500 bilhões. Isto seria apenas o começo de um draconiano esquema socialista na terra da liberdade.
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Mas, esta é a própria proposta de ‘capitalismo’ da Carta, subjacente em várias de suas matérias: tributar, regular e distribuir segundo ‘critérios racionais’. (Mesmo que tal ‘racionalidade’ não seja comprovada cientificamente...).
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Quando se imagina que os custos estimados do Protocolo de Kyoto, caso fosse cumprido, poderiam alcançar até USD 1,5 trilhão e que é possível que o incremento de carbono na atmosfera seja natural, parece irracional não investir mais em obras de contenção contra enchentes, muito mais baratas (cerca de USD 1 bilhão ao ano).[5] Se temos um objetivo a alcançar, como evitar grandes tragédias e perdas de investimentos e capital alocado, seria sensato procurar a melhor alternativa, sem alarmismo. Não é o que propõe, no entanto, definitivamente, o irresponsável (pseudo)jornalismo da Carta Capital.
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Com tal confusão nos argumentos, a verdadeira opacidade não é a da atmosfera e seus gases, mas a mente dos editores da Carta Capital.
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Notas:
[1] No segundo parágrafo chama o furacão brasileiro, Catarina, de ‘primeiro furacão extra tropical’, quando na realidade, desde que se começou a noticiar regularmente tais fatos, já é o segundo. O primeiro com grande repercussão na mídia nacional ocorreu em 2004. Mas, peculiaridades levaram a chamá-lo somente de ‘ciclone’. Embora chamado agora, não oficialmente, de ‘furacão’, o fenômeno ocorrido este ano sobre o estado de Santa Catarina tem características similares ao ocorrido no ano passado. Possivelmente, tais fenômenos já ocorressem antes, mas a evolução do sensoriamento remoto sobre a Bacia do Atlântico Sul é recente, assim como a atuação do Inpe em parceria com a Nasa neste sentido.

[2] 
Blizzard Filosófica, 13o parágrafo.

[3] Análise de fósseis biológicos, taxas de acúmulo de gelo, sedimentos no leito marinho e anéis dos troncos das árvores, entre outros.

[4] O quarto relatório está previsto para 2007.

[5] 
The Satanic Gases.
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